A LAGOA DO ARAÇÁ
O bairro da Imbiribeira integra a 6ª Região Político-Administrativa do Recife (RPA-6), na Zona Sul da cidade, limitando-se com os bairros do Pina, Boa Viagem, Ipsep, Jiquiá e Afogados. Nele situa-se a Lagoa do Araçá, considerada a única lagoa natural ainda presente no Recife.

A "Lagoa do Araçá" abrange uma área de 14,2ha e detém um espelho d’água de 109.000 metros quadrados (14,5ha). Limita-se ao norte e a oeste com o rio Tejipió, que faz confluência com o rio Jequiá e a leste, com a Avenida Mascarenhas de Morais e com o rio Jordão. Recebe influência marinha através do estuário do Rio Tejipió por meio de um canal natural (SANTOS, 1992), pelo qual é alimentada. Esse canal de “pulsação da Lagoa” foi artificializado e projetado como um tubulão tricelular. A água do seu mangue origina-se a partir do encontro das águas doce e salgada, formando uma água salobra
HISTÓRICO
A Lagoa do Araçá era conhecida como“Lagoa do Pilar” e pertencia às terras da antiga região da "Barreta" (que originou o atual Bairro da Imbiribeira). O local onde se encontra a Lagoa aparece na cartografia holandesa, no século XVII, como:
“(...) área de vegetação arbórea, provavelmente densa, entre os rios Jordão e Tejipió, antes da confluência deste com o Rio Jiquiá (...)”.
A “LAGOA DO ARAÇÁ”constituiria um dos inúmeros baixos ribeirinhos - iguais a tantos outros da planície recifense -, sem forma definida. À mercê dos fluxos das marés, drenando para o Rio Tejipió as águas nascentes que para si convergiam.
Sem dúvida um local privilegiado, que assim, intocado, atravessou os séculos XVIII e XIX sem sinais de avanço da urbanização sobre os seus espaços.
Uma planta da Cidade, de 1876, assinala a presença de alguns assentamentos (provavelmente “viveiros de peixes”) e algumas edificações na bifurcação da “Estrada do Sul”, a leste.

"A pesca nos viveiros - 90% das pessoas que comodamente se aventuraram de automóvel às pescarias na Imbiribeira e Estrada dos Remédios voltou de mãos abanando. Isso repete-se todos os anos. Os viveiros não têm peixe bastante para um terço da população. Nunca há pescaria completa. As cheias, nos anos anteriores, extravasou os viveiros, perdendo-se enorme quantidade de peixe. Este ano, não houve cheia, mas a maré subiu, o que se atribui à lua, e lá se foi grande parte do peixe. Talvez seja jogo dos proprietários de viveiros fazendo o jogo do mercado negro. É um espetáculo degradante para quantos aguardam nos viveiros à procura de peixe. Implora-se 1 quilo de peixe, roga-se uma curimã e a resposta é sempre a mesma: não há. (...)"
Diário de Pernambuco - Sexta-feira, 26 de março de 1948
LAGOA DOS BOTOS
Ao que tudo indica, a ocupação da área, entre a Estrada da Imbiribeira e a margem direita do Rio Tejipió, só viria a consumar-se na década de 1960. Sobretudo após os estímulos trazidos à construção civil pelo BNH.
A Lagoa do Pilar teria sido aprofundada através da sua escavação, para a execução das obras de dragagem e aterro da região, procedendo à execução dos loteamentos de classe média que ali se instalariam.
Naquela época, os moradores da região a conheciam como "Lagoa dos Botos", porque era lá que os botos vinham procriar. Alguns garotos também aproveitavam para tomar banho em suas águas salobras (ainda não poluídas). E muitos pescadores e pegadores de caranguejos profissionais vinham pescar em suas margens ou em botes. Em seus alagados, ainda existiam alguns viveiros de peixe e Pitu (camarão escuro, de água doce).
O que parece certo é que até a década de 1960 as características primitivas do lugar se conservaram e, mesmo possuindo uma forma irregular, deveria ser ampla e profunda
Em 1979 os espaços adjacentes da Lagoa já eram ocupados pelos loteamentos “Nossa Senhora do Pilar”, “Jardim Europa” e “Conjunto Residencial INOCOOP – Guararapes”, assumindo aquela área a sua configuração atual.
LAGOA DO ARAÇÁ
No início dos anos 1980, a população local, liderada pela "Dona Lourdinha Tenório", movimentou-se contra o aterro (para fins imobiliários) da Lagoa e toda a área foi urbanizada em 1994.
"(...) Antes de 1994, a lagoa do Araçá era uma espécie de depósito de lixo e o seu contorno uma das áreas marginais do Recife, refúgio de desocupados e até de pessoas que se dedicavam ao desmonte de carros roubados. Hoje, a população que a circunda é a sua maior defensora e faz cobranças consistentes ao poder público para melhorar sempre o local. O agora chamado Parque Ecológico Lagoa do Araçá, de 14 hectares, é opção de lazer para muitos habitantes da cidade. (...)
Jornal do Commercio - 11 de maio de 2001
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